A luta pela terra nas beiras dos rios, no campo ou na cidade
Os filmes também podem ser instrumentos de denúncias, intervenções políticas, armas de luta. Seja nas comunidades indígenas, entre vazanteiros quilombolas ou trabalhadores sem terra e sem teto, na beira do rio São Francisco, no interior ou nos centros urbanos, o movimento de luta pela terra continua. As obras deste programa são um testemunho da articulação dos movimentos sociais e comunitários em seu trabalho de resistência contra as injustiças do estado e a favor do direito à terra e à moradia.
Opará – Morada dos nossos ancestrais mostra a relação íntima, espiritual, ancestral dos Pankararu, dos Tuxá, e dos Cariri Xocó com o rio Opará, o São Francisco. Eles tiveram suas comunidades removidas da beira do rio, no processo da construção da barragem de Itaparica. Tiveram que sair do seus lugares de origem, e foram deslocados para cidades pequenas e grandes onde sempre sofreram discriminação. Os Pankararu e os Cariri Xocó lutam por recuperar um espaço para reconstruir a sua comunidade e recuperar a sua cultura. O filme denuncia a neo-colonização das empresas públicas e privadas que expulsaram os povos que vivem na região de Paulo Afonso há 9000 anos. Esses povos querem retomar suas terras ancestrais pois tem o compromisso com eles de cuidar do rio, que hoje tem suas águas contaminadas.
Auto Demarcação de Pau Preto registra a ação de retomada por vazanteiros da Fazenda Catelda, onde ficam suas terras de origem no norte de Minas, São 3 comunidades que se unem para dar corpo a um sonho comum, de viverem em seus territórios tradicionais com liberdade. Em meio aos rituais de reapropriação de suas terras, sua liderança narra a negligência do estado com as comunidades desapropriadas.
Conte isso àqueles que dizem que fomos derrotados acompanha o surgimento de três ocupações urbanas. Misturando registros noturnos dos movimentos de tomada desses territórios, os realizadores criaram um filme sensorial que nos coloca junto a centenas de corpos dos integrantes do MTST para vivermos com eles as tensões dessas ações de tomadas dos territórios . Seu impacto estético é tão forte quanto o seu gesto político .