O que emerge quando a vazão do rio cai?

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O programa Baixa Vazão reúne filmes que mostram as transformações no Brasil e no Velho Chico impulsionadas pelos grandes interesses econômicos. O que emerge quando a vazão do rio cai de 2500 m3/s para 550 m3/s? A substituição dos meios de transporte fluviais por terrestres, o crescimento do agronegócio e a transposição do rio contextualizam um modo de operação desenvolvimentista que passa por cima dos interesses das pessoas comuns e da coletividade. A população tenta reagir e lutar contra esse sistema enquanto é forçada a adaptar suas vidas diante das mudanças impostas pelas transformações do rio e dos territórios.

Eu agradeço a Deus, a meu Pai e ao São Francisco é um documentário que tem como tema a canoa Oriente (antiga canoa de tolda transformada em canoa a motor), que fazia a linha de Propriá a Pão de Açúcar, a última embarcação a servir à carreira de longo curso para o sertão do Baixo São Francisco. A família dos derradeiros proprietários da embarcação, falam de sua relação com o rio e sobre como o transporte fluvial foi sendo trocado pelo transporte terrestre e impactando suas vidas.

Dia de pagamento é um ensaio documental que nos mostra o impacto nas condições socioeconômicas dos moradores do povoado de Rio da Barra, em Sertânia-PE, durante e depois da passagem das obras de transposição por lá.  A partir da vida de Lena, uma auxiiar de limpeza da obra que ganha um salário mínimo, o filme vai acumulando as experiências de trabalho, consumo e renda de sua família e de outros moradores. As obras geraram o aumento da capacidade de consumo, mas também efeitos colaterais que vão desde o barulho das obras à lógica exploratória das empresas, chegando à prostituição de adolescentes. Com o fim das obras tudo se torna mais difícil. O filme tem uma encenação instigante e metalinguística e é meticuloso em desenhar o modelo do desenvolvimento pelo consumo adotado no país nos governos dos anos 2000. 

Reduto é um ensaio documental sobre Mimoso do Oeste, a cidade em que o  autor viveu a partir dos 9 anos e sobre sua formação como cineasta em Cachoeira, no recôncavo baiano.  Cidade símbolo de resistência e luta pela abolição da escravatura, Cachoeira foi um  contraponto à sua educação de pais sulistas que migraram para trabalhar nas fazendas do agronegócio. Hoje chamada de Luís Eduardo Magalhães, a cidade  é a capital do agronegócio do Brasil. A partir do reposicionamento do seu olhar para a cidade e para uma cultura a favor do desenvolvimentismo e dos grandes negócios, o autor reposiciona também imagens e sons de legitimação do agronegócio e mostra o lado perverso da chegada das grandes multinacionais de agrotóxicos e sementes no interior do Brasil, nessas terras irrigadas pela bacia do São Francisco.

Insurgência  foi realizado dentro uma grande manifestação espontânea em de novembro de 2017, em Correntina-BA contra a omissão do poder público diante da exploração de água pelo agronegócio.