Junto de seus personagens, navegamos da nascente até a foz

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O programa Águas de todo Chico mostra filmes que atravessam as águas do São Francisco. Junto de seus personagens, navegamos da nascente até a foz e podemos nos maravilhar com paisagens distintas, com suas lendas, e mistérios. O programa, bem como toda a programação da mostra é um convite para a reflexão e um apelo para que cuidemos do Velho Chico, e de todas as  nossas águas. É urgente cuidar. É urgente valorizar esse patrimônio, que é  síntese da própria vida.

Nascente é uma ficção metafísica que navega pelas águas do Velho Chico e nos mostra a diversidade e exuberância de sua paisagem e da vida em suas margens. Um homem velho dorme dentro de uma canoa que desce pelo ribeirão Arrudas, onde são despejados a maior parte dos esgotos de Belo Horizonte. A canoa percorre o Rio das Velhas até encontrar o São Francisco. O homem acorda e essa viagem acompanha a purificação das águas e deste homem rumo à morte, quando desaguam no mar.  Em sua abordagem poética, o filme revela a conexão espiritual do homem com a natureza e os seus ciclos de vida, morte e renascimento.

5x Chico – O Velho e sua gente é um longa metragem em episódios de cinco diretores de estilos cinematográficos diferentes, que fazem uma jornada afetiva por cada um dos cinco estados banhados pelo gigante Rio São Francisco. Mostram a fé, as paixões, as lendas e a busca pela sobrevivência nas comunidades ribeirinhas deste rio cheio de cores que corta o sertão e deságua no mar do nordeste brasileiro. A rica e irregular geografia de seu longo percurso é marcada por cantigas, brincadeiras, danças, contos, causos, tradições africanas, indígenas e católicas, mitos e cirandas que se misturam com as embarcações. As cinco abordagens  formam um caleidoscópio de pessoas e expressões culturais. Durante esse percurso encontramos na região de Pirapora e Januária-MG com pescadores que nos contam histórias, lendas e feitos incríveis das criaturas  do rio. Eles tratam o rio como um ser vivo que conversa com eles e  que tem seus mistérios.  Na Bahia  acompanhamos os pedidos e orações no santuário de Bom Jesus da Lapa e o sincretismo religioso que envolve  suas festas, que  misturam o  sagrado e o profano na subjetividade de seus personagens. Em Pernambuco, em Belém de São Francisco, os pescadores trabalham ao lado dos troncos submersos. A barragem matou os peixes e a sobrevivência está difícil, mas os ribeirinhos seguem persistindo e mantendo o seu modo de vida. Nos canyons de Sergipe,  encarnamos Lampião a partir de um personagem que se transforma num cangaceiro em seu trabalho de guia em Angicos. Ele nos conta das histórias das injustiças no sertão, em que os personagens mudam de nome mas o enredo permanece.  Em Alagoas, na foz do rio, o sal se encontra com a terra, a infância com a velhice e as memórias se diluem no silêncio do Velho Chico, que renuncia e simplesmente caminha em direção ao mar.