As culturas e as lutas dos povos Xucuru e Pankararu, que habitam o a Bacia do S

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Os filmes desse programa se reúnem em torno da cultura e das lutas das etnias Xucuru e Pankararu, que habitam em Pernambuco o território da Bacia do São Francisco, e de sua relação com os brancos e povos da cidade. Se por um lado, essas narrativas nos apontam para a exploração histórica e o genocídio dos povos indígenas,  por outro, apontam também para a possibilidade de uma outra forma de encontro que valoriza os povos originários como nossos ancestrais e como guardiães de saberes essenciais para uma vida em cooperação e equilíbrio com a natureza.

Xicão Xucuru é uma  realização da Tv Viva-PE e do Centro de Cultura Luiz Freire. O documentário conta a história da luta pela terra e do assassinato brutal do líder do povo Xukuru do Ororubá, o cacique Xicão. Desde 1985, Xicão liderava a resistência do povo Xucuru, lutando pelo reconhecimento e demarcação de suas terras no município de Pesqueira-PE. O trabalho desenvolvido por Xicão acompanhado pela comunidade teve como resultado o resgate da cultura, o respeito aos direitos de seu povo e a melhoria da qualidade de vida. Em 1998, Xicão é assassinado por motivos fundiários, causando revolta e indignação no movimento indígena brasileiro. \

Fantasia de Índio é um ensaio documental em que a realizadora busca suas origens indígenas. Em sua investigação, ela vai aos cartórios e órgãos públicos e não encontra registros oficiais, pois indígenas e negros foram obrigados a se registrarem com sobrenomes de brancos. Na  Funai, não  existe qualquer documento sobre as etnias da região. Mas ela também se aproxima da comunidade Xukuru, atraída por sua ligação ancestral e já não precisa mais de confirmações oficiais para encerar sua busca. Usando fotos, animação, portraits em vídeo, depoimentos e imagens do toré, o filme tem uma construção formal  potente,  elegante e respeitosa, que explicita  sua adesão à luta dos Xucurus e das mulheres.

Tempo Circular é um documentário filmado na comunidade Pankararu-PE. Aborda o tempo na visão dos povos indígenas, o tempo circular, onde o futuro se torna presente, o presente se torna passado e o passado se torna futuro. Os personagens nos contam histórias dos ancestrais e como acontece a transmissão de ensinamentos nessa perspectiva. O desejo de manutenção da tradição, seus rituais e lutas são motivadas pelos antepassados, pela preservação da história, pela sobrevivência de sua nação e pela construção do futuro, sem deixar de incorporar ferramentas da cultura branca. 

Thinya é uma ficção construída de documentos. Fotografias encontradas numa feira de rua de Berlim e trechos dos livros de Hans Staden e de Spix & Martius que narram viagens dos europeus ao Brasil em 1557 e 1823. Com a voz de Thinya, uma anciã Fulni-ô, narrando em sua língua natal, o discurso descreve a visão dos europeus sobre os povos ameríndios, tratados  como exóticos, não civilizados e sem valores morais. O filme inverte o nosso ponto de vista e questiona a cultura capitalista e consumista européia, criando uma releitura, um contra discurso sobre quem são bárbaros e selvagens desse processo histórico.